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Insights

Split Payment e a Reforma Tributária:
O Fim do Imposto no Caixa da Sua Empresa

Por

Diego Rodrigues

Este artigo detalha o funcionamento do Split Payment, o novo sistema de arrecadação da Reforma Tributária que retira o imposto (IBS e CBS) diretamente na fonte. Saiba como a mudança afetará o capital de giro do seu negócio e descubra os passos necessários para adaptar sua gestão financeira e tecnológica ao fim do imposto no caixa da empresa.

A Reforma Tributária está prestes a transformar a maneira como as empresas lidam com suas obrigações fiscais. Uma das mudanças mais impactantes é a introdução do Split Payment, um novo modelo de arrecadação que promete eliminar a inadimplência, mas que exigirá uma adaptação profunda na gestão financeira dos negócios.

Entenda o que é, como funciona e qual o impacto real dessa mudança no dia a dia da sua empresa.


O que é o Split Payment?

Previsto para ser o mecanismo padrão de recolhimento da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), o Split Payment é um sistema de pagamento dividido. Na prática, quando um cliente efetua um pagamento, a própria instituição financeira irá separar o valor referente aos impostos e repassá-lo diretamente ao governo.

O resultado? O valor do imposto não transita mais pelo caixa da empresa.


Como o Sistema Funciona na Prática?

Para entender o impacto, vamos a um exemplo prático, utilizando a alíquota de referência de 26,5% (8,8% de CBS e 17,7% de IBS), que está em discussão para regulamentar a Reforma.

Imagine uma venda de R$ 100.000,00:

  • Valor do Serviço (Base de Cálculo): R$ 100.000,00

  • CBS (8,8%): R$ 8.800,00

  • IBS (17,7%): R$ 17.700,00

  • Valor Total da Nota Fiscal: R$ 126.500,00


Quando o cliente pagar os R$ 126.500,00 (via PIX, cartão ou boleto), o sistema financeiro fará a seguinte divisão automática:

  • A sua empresa recebe: R$ 100.000,00 (o valor líquido da venda).

  • O governo recebe: R$ 26.500,00 (a soma dos impostos).

A chave para que o sistema saiba diferenciar uma transação comercial de uma transferência pessoal está na vinculação obrigatória do pagamento à Nota Fiscal Eletrônica (NF-e). Sem essa vinculação, o mecanismo não é acionado.


O Principal Impacto: Uma Nova Gestão do Fluxo de Caixa

Historicamente, as empresas recebem o valor bruto das vendas e utilizam o montante correspondente aos impostos como capital de giro até a data de seu recolhimento.


Com o Split Payment, essa realidade acaba.


O recolhimento, que antes era posterior, passa a ser automático e instantâneo. Essa mudança exige um replanejamento completo da tesouraria, que agora deve operar apenas com o valor líquido que efetivamente entra no caixa. Por um lado, o risco de inadimplência fiscal é eliminado ; por outro, a flexibilidade financeira diminui drasticamente.


Desafios e Como se Preparar

A transição para o Split Payment impõe desafios significativos que exigem preparação:

  1. Ajuste Financeiro: A perda da autonomia sobre os recursos dos impostos que serviam como capital de giro é o principal obstáculo a ser superado.

  2. Tecnologia Integrada: A conciliação só será possível com a integração total entre sistemas de gestão (ERP), bancos e a emissão de NF-e. Ter um sistema atualizado com a legislação deixa de ser um diferencial e se torna uma necessidade.

  3. Capacitação de Equipes: Os times financeiro, fiscal e contábil precisarão ser treinados para operar dentro desta nova lógica.

A hora de se preparar é agora. Comece por diagnosticar a dependência do seu caixa em relação aos valores de impostos, avalie se sua tecnologia está pronta para a integração e inicie o planejamento para capacitar sua equipe.


O Split Payment é mais do que uma mudança operacional; é uma nova filosofia de gestão fiscal e financeira. Estar preparado definirá as empresas que farão essa transição de forma segura e eficiente.

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